Com a forte queda dos preços do petróleo e os custos ainda altos de exploração e produção, o lucro das principais petrolíferas do mundo foi praticamente a zero no ano passado. O Valor levantou os balanços de Royal Dutch Shell, Exxon Mobil, Chevron, BP, Statoil e Pemex e constatou que o resultado líquido das seis empresas ficou em US$ 1,6 bilhão durante 2015, recuo significativo de 98% perante 2014.
Gigantes do Petróleo sofrem em 2015. |
BP, Pemex e Statoil registraram perdas na última linha do balanço anual de 2015. Já para Exxon, Shell e Chevron, o ano foi de queda no lucro líquido.
As seis petrolíferas são as maiores do mundo em produção que já apresentaram as demonstrações financeiras de 2015 até agora. A Petrobras ainda não revelou seus dados, mas tem potencial para reduzir ainda mais os números. De janeiro a setembro, a estatal obteve lucro líquido de US$ 971 milhões, 58,8% a menos do que no mesmo período de 2014, e a maioria dos bancos espera prejuízo para a companhia no acumulado de 2015. A Petrobras ainda não marcou data para divulgar seus resultados.
Lucro das gigantes fica próximo do zero. |
As companhias informaram que vão economizar ainda mais recursos, onde for possível. Os investimentos, por exemplo, que servem para manutenção dos campos já em atividade e para novas extrações que permitem a reposição dos barris em reserva, já caíram 20% em 2015, para US$ 148,6 bilhões. São US$ 38 bilhões que deixaram de ser aplicados.
Mas, no próximo ano, esse corte deve aumentar. As previsões anteriores das empresas - neste caso, a Pemex não está inclusa - apontavam para investimentos de US$ 122 bilhões em 2016. Com a divulgação dos resultados do quarto trimestre, as estimativas diminuíram para US$ 112,8 bilhões, ou 7,5% a menos. Os números levam em conta também o BG Group, adquirido pela Shell, mas mesmo assim a redução no orçamento pode ser da ordem de 17% em 2016.
A medida, inclusive, é vista pelos participantes do mercado como um dos passos mais importantes para a recuperação dos preços do petróleo. Isso porque, à medida em que os campos de exploração ficam mais maduros, a reposição de barris diminui e com ela, a oferta. Por enquanto, a produção de petróleo bruto, na verdade, subiu - em 2015 a alta foi de 3%, para 10,3 milhões de barris diários, no caso das seis empresas mencionadas.
Em 12 meses, até ontem, os preços do Brent, a referência na Europa, recuaram 49,2%, para US$ 34,35. No caso do WTI, dos Estados Unidos, a baixa foi de 48,5%, para US$ 31,72. Dos principais bancos e analistas que acompanham o setor, poucos acreditam que a média de 2016 será superior a US$ 45, para ambos os tipos de petróleo.
A cotação em queda derrubou a receita líquida das companhias em 35%, para US$ 1,1 trilhão no ano passado. Os programas de eficiência colocados em prática não foram suficientes e as produtoras sofreram também com o impacto das volumosas dívidas financeiras, o que minou a rentabilidade dos grupos.
Mas a expectativa é que no segundo semestre se inicie uma recuperação para a commodity. Os EUA, por exemplo, reduziram boa parte dos gastos com exploração não convencional do xisto - o país foi o que mais aumentou sua produção nos últimos anos - e em 2016 já se espera a queda do volume extraído.
A consultoria Capital Economics escreve em relatório que apesar de os dados semanais apresentados pelo mercado americano mostrarem resiliência da produção de petróleo, a quantidade diária pode estar caindo até em rápida velocidade. No xisto, o desligamento de sondas é mais veloz que a média e os cortes mensais já são superior a 350 mil barris por dia.
"A conclusão é que vemos a produção americana de petróleo já começando a cair, liderada pelos declínios no xisto", afirma o analista Thomas Pugh. "A redução é uma das principais razões pelas quais acreditamos que os preços vai subir nos próximos anos. A projeção para o fim de 2016 é de US$ 45 por barril."
Fonte: Valor Econômico