CRISE: GIGANTES PETROLEIRAS ENFRENTAM DILEMA SOBRE DIVIDENDOS:

As maiores companhias de petróleo do mundo enfrentam uma decisão difícil de tomar em meio ao cenário de baixos preços do petróleo: manter seus cobiçados ratings com grau de investimento ou manter a prática centenária de pagar dividendos anuais aos acionistas no valor de bilhões de dólares em dinheiro?
Baixo preço do Petróleo afeta principais companhias pelo mundo.

As petroleiras estão lutando para evitar uma colisão entre essas duas possibilidades, o que parece inevitável diante do preço do petróleo bruto em torno de US$ 30 por barril. Mesmo tendo anunciado cortes de gastos que, no total, passam dos US$ 92 bilhões, as produtoras estão perdendo dinheiro com quase todos os barris que extraem do solo. O pagamento de dividendos torna a falta de liquidez dessas empresas ainda pior.

Quatro das maiores companhias de petróleo do Ocidente - Exxon, Royal Dutch Shell, Chevron e BP - estão preparadas para pagar mais de US$ 35 bilhões em dividendos para investidores neste ano, um montante equivalente a cerca de 40% dos seus fluxos de caixa combinados, segundo cálculos da Oppenheimer & Co. Para fazer isso, elas enfrentam pressões crescentes para tomar empréstimos, uma estratégia que tem alarmado as agências de classificação de risco.

"A questão é: quão ruim as coisas podem ficar em 2016?", questionou Simon Redmond, diretor de ratings corporativos de petróleo e gás da Standard & Poor's. "A companhia focar na contínua distribuição de dinheiro não é positivo para o crédito", acrescentou.

Desde o começo deste ano, todas as três principais agências de classificação de risco alertaram que os ratings das petroleiras estão sob risco. A S&P já rebaixou a Shell e a Chevron e indicou que a Exxon pode sofrer o mesmo. Os balanços trimestrais divulgados pelas petroleiras não ajudam a melhorar a avaliação.

A maior companhia de petróleo dos EUA, a ExxonMobil, teve queda de 58% no lucro no quarto trimestre do ano passado, para US$ 2,78 bilhões, de US$ 6,57 bilhões no mesmo período de 2014. O resultado não ficava abaixo de US$ 3 bilhões desde 2002.

A Royal Dutch Shell viu seu lucro cair 57% na mesma comparação e confirmou que planeja cortar 10 mil vagas de empregos, uma redução no quadro de funcionários que começou no ano passado e continuará ao longo de 2016. Além disso, a companhia anglo-holandesa disse que pretende vender US$ 30 bilhões em ativos, após comprar o BG Group.

A terceira maior petrolífera e produtora de gás do Reino Unido, por sua vez, anunciou lucro líquido de US$ 423 milhões no quarto trimestre do ano passado, valor 54% menor que os US$ 915 milhões de um ano antes.

Já a Chevron, a segunda maior petroleira dos EUA em receita, teve um inesperado prejuízo líquido de US$ 588 milhões, revertendo o lucro de US$ 3,47 bilhões registrado nos três últimos meses de 2014. Outras das maiores empresas do setor, a britânica BP teve prejuízo com custo de reposição de US$ 2,2 bilhões no quarto trimestre de 2015, mais que o dobro da perda de US$ 969 milhões registrada em igual período do ano anterior.

Um rebaixamento de rating não é a pior coisa para a maioria das companhia integradas de petróleo porque elas dificilmente perdem acesso aos mercados de capital ou veem seus custos de financiamento subirem. No entanto, cortes de rating representariam perda de prestígio, um sinal de que a capacidade dessas empresas dominarem os mercados mundiais tem diminuído.

Os dividendos são um problema para as grandes companhias de petróleo porque elas estão tentando gastar apenas o que obtêm com suas operações. Mesmo se conseguirem alcançar isso, elas terão de oferecer mais dividendos. Lidar com esses pagamentos significa ir mais fundo em dívidas ou em vendas de ativos, uma proposta desafiadora considerando os preços muito baixos do petróleo atualmente.

"O mercado está terrível para se tentar vender mais ativos", afirmou John Watson, executivo-chefe da Chevron. No entanto, ele acrescentou que manter e até aumentar o dividendo segue como a "prioridade financeira número um" da empresa.

Promessas como essa são essenciais para atrair investidores em meio à maior desvalorização do petróleo das últimas décadas. Para milhões de aposentados, que compram ações diretamente ou por meio de fundos de investimento, os dividendos são uma fonte de renda. Alguns veem um corte nesse pagamento como uma traição.

As companhias de petróleo que insistem nos pagamentos têm sido mais ativas em cortes de investimentos e demissões, com o objetivo de reduzir a falta da caixa. Analistas alertam, porém, que isso pode ameaçar a viabilidade delas no futuro.

Fonte: http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20160205/com-petroleo-balancos-fracos-petroleiras-enfrentam-dilema-sobre-dividendos/340800
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